Hidrogênio Verde e a oportunidade de transição da matriz energética
20 de novembro de 2023Cerca de uma semana atrás, foi publicada uma notícia mostrando que os Estados Unidos da América estão considerando enviar uma quantia de 50 milhões de dólares para o Fundo Amazônia. Junto com a declaração dos EUA, vários outros países demonstraram interesse em enviar dinheiro para o fundo, que tem como objetivo investir em esforços para prevenir, monitorar e combater o desmatamento, além de promover a biodiversidade, a preservação e a sustentabilidade na Amazônia por meio de um mecanismo de REDD+.
Além dos Estados Unidos, houve demonstração de interesse em contribuir para o fundo que se intensificou após o fim do governo Bolsonaro por parte de países como Reino Unido, França e até mesmo a própria União Europeia como um bloco.
Vale mencionar que os dois maiores doadores para o fundo são a Noruega, que já totalizou uma doação de cerca de 3 bilhões e 200 milhões de reais, seguida pela Alemanha, que enviou cerca de 200 milhões de reais.
Essa mudança de investimento, principalmente por parte dos europeus, decorre de dois pretextos. O primeiro é o cenário crítico em que nos encontramos atualmente em relação às soluções climáticas e ao que será efetivamente feito para minimizar o impacto do aquecimento global, que é alarmante e urgente, atraindo uma série de atores, sejam eles nações, empresas multinacionais, ONGs e outros atores em busca de soluções possíveis, práticas e escaláveis.
O outro motivo está relacionado ao fato de que há uma ideia de “reparação histórica” em relação aos países que emitem a maior quantidade de gases de efeito estufa. Isso se deve ao fato de que a maioria dos países considerados desenvolvidos utilizou técnicas e mecanismos insustentáveis que foram bastante prejudiciais ao meio ambiente e ao planeta para desenvolver uma economia mais robusta e próspera.
Enquanto isso, vários outros países são impedidos de seguir os mesmos caminhos devido ao impacto que essa forma de desenvolvimento causa globalmente, sendo obrigados a buscar soluções mais sustentáveis e complexas, mesmo que não possuam o capital ou conhecimento necessário para implementá-las.
Mesmo assim, os países que emitem menos continuam sofrendo com os impactos climáticos causados pela enorme quantidade de emissões liberadas pelos países desenvolvidos, pois as emissões acabam tendo um impacto global e não apenas local.
Consequentemente, surge uma obrigação que é muito discutida e baseada em diversos fóruns internacionais que tratam de mudanças climáticas e sustentabilidade, que é a ideia de que os países mais desenvolvidos têm o dever de investir em países menos desenvolvidos que buscam fazer a transição para uma economia mais sustentável por meio de diversos mecanismos financeiros e projetos, utilizando acordos bilaterais ou multilaterais e mecanismos financeiros, como investimento em fundos como o Fundo Amazônia.
Visando o uso de incentivos de mercado para a implementação de projetos “verdes”, com diversos impactos positivos e características adicionais, o Brasil se mostra vanguardista e um player extremamente importante na luta contra as mudanças climáticas e o aquecimento global. Entende-se que o país também tem o potencial de liderar globalmente na agricultura regenerativa, no hidrogênio verde e na produção industrial sustentável.
De acordo com o Boston Consulting Group, estima-se que o país possa dobrar os investimentos privados recebidos até 2030 e receber um total de 2 a 3 trilhões de dólares até 2050.
O Brasil também já oferece uma série de soluções climáticas em escala, uma vez que cerca de 85% de sua matriz energética é limpa (em comparação com uma média de 26% globalmente), além de possuir vastas áreas dedicadas à agricultura regenerativa e programas que auxiliam setores de transporte e indústrias a reduzir suas emissões de gases de efeito estufa, por meio de programas como o estímulo à produção e uso de biogás, sintetizado a partir de resíduos de alguns processos, como a produção de açúcar e álcool.
Embora o país possua um potencial incomparável em diversos setores quando se trata de soluções sustentáveis, é necessário enfatizar a necessidade de foco e investimento rápido por parte do governo em soluções climáticas. Buscar aproveitar esse protagonismo e não perder o espaço internacional já conquistado é fundamental.
Em um mercado tão novo, com potencial de crescimento exponencial, vários outros países possuem características adicionais que os tornam atrativos para investimentos. Resta ao Brasil aproveitar suas nuances e pontos-chave para obter o máximo de foco e investimento estrangeiro, a fim de desenvolver-se de forma mais sustentável e aproveitar rapidamente a oportunidade de ser um dos maiores beneficiários dessa transição global para uma economia mais verde.