Impacto do uso de forrageiras nos sistemas agrícolas para maior estocagem de carbono no solo
11 de junho de 2024Comprovação da Adicionalidade em Projetos Sustentáveis
11 de junho de 2024As pastagens para produção pecuária são a maior classe de uso da terra no planeta, ocupando aproximadamente 3,5 bilhões de hectares, e são a fonte predominante de forragem para animais em pastejo no mundo. Nos últimos anos, houve um aumento significativo do número de pesquisas voltadas para a otimização da produção de forragem, ciclagem de nutrientes via palhada e excrementos dos animais, fixação de nitrogênio, habitat para garantir a biodiversidade, manejo de pastagens e, por fim, métodos de como aumentar a produção pecuária.
No Brasil, grande parte da produção de carne e leite ocorre no Bioma Cerrado. O manejo inadequado das pastagens tem levado muitas áreas ao processo de degradação, mostrando-se um dos maiores problemas da pecuária brasileira e influenciando diretamente os estoques de recursos naturais e a prestação de serviços ecossistêmicos. Dados do Ministério do Meio Ambiente de 2015 mostram que as pastagens plantadas já ocupavam cerca de 60 milhões de hectares do bioma, e ao menos metade apresentava algum grau de degradação. Essa degradação reduz a produtividade da pecuária de corte e de leite, aumenta a perda de matéria orgânica do solo e a emissão de CO2 para a atmosfera, além de intensificar as erosões.
Para os pecuaristas, portanto, é essencial dispor aos animais uma pastagem de qualidade durante todo o ano, mas tomando o devido cuidado para evitar as degradações anteriormente citadas. E para garantir isso, técnicas de manejo devem ser utilizadas. A Embrapa trata o manejo de pastagem como um conjunto de ações que visa obter do rebanho maior quantidade de carne ou leite por área, sem afetar o desenvolvimento da forrageira e a qualidade do solo.
As pastagens se dividem entre naturais (vegetações originais, nelas encontramos espécies herbáceas, gramíneas, não gramíneas e arbustos), nativas (que são o tipo de vegetação espontânea que possui algum valor forrageiro) e artificiais (compostas por espécies exóticas ou nativas, onde já não existe a vegetação original). Este último tipo de pastagem é dividido em permanentes, que podem durar até trinta anos, e temporárias, que podem durar seis meses.
Técnicas de recuperação de pastagens degradadas podem ser adaptadas para todos os tipos de pastagem, de acordo com suas peculiaridades, e podem reativar os serviços ecossistêmicos e reduzir os impactos negativos já causados. Após a recuperação, ainda há a necessidade do esforço para manter a pastagem bem manejada. Isso permite a manutenção de alguns desses serviços na agropecuária, como biodiversidade no solo, ciclagem de nutrientes e água, produção de biomassa para fibra, biocombustível e forragem, manutenção da fertilidade do solo e redução das emissões de carbono.
Isso, combinado com boas práticas agrícolas, como plantio direto, integração, rotação ou sucessão de culturas na mesma área e em épocas diferentes, uso de máquinas e equipamentos adequados, diversificação de forrageiras e manutenção das Áreas de Preservação Permanente e Reserva Legal, também são boas formas de garantir estoques de recursos naturais que mantenham a fertilidade do solo, o acúmulo do carbono orgânico, a maior atividade biológica e a diminuição nas perdas de solo e de água associadas à degradação da cobertura do solo.
O bom manejo das pastagens tem outras vantagens: reduz a emissão de gases de efeito estufa e aumenta a produtividade de grãos no sistema de integração lavoura-pecuária-floresta, entre outros fatores. É uma via de mão dupla: um solo bem manejado é um ambiente propício para pastagens de qualidade, e pastagens de qualidade contribuem para a construção de uma boa estrutura do solo.