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20 de novembro de 2023Para lidar com o tema da importância de ter uma preocupação nos níveis ESG em relação à cadeia de suprimentos, e não apenas nas operações de uma determinada empresa, é primeiro necessário esclarecer um pouco o que essa sigla representa atualmente, além de fornecer exemplos claros de como os pontos incluídos devem ser trabalhados de forma mais integrada.
ESG é uma abordagem que avalia até que ponto uma empresa trabalha em prol de objetivos sociais que vão além de sua função de maximizar lucros. Esses objetivos sociais geralmente são defendidos dentro de uma perspectiva que busca alcançar uma série de objetivos ambientais, além de causar um impacto social positivo e observar mais de perto como a governança é conduzida dentro da empresa, respeitando diretrizes como diversidade, equidade e inclusão.
Cada uma das letras representa uma área, o E corresponde a meio ambiente (environment), o S corresponde a social e o G corresponde a governança (governance), demonstrando uma forte interconexão e interdependência entre os temas.
Isso demonstra que o desenvolvimento e a sustentabilidade vão muito além do fator ambiental e das emissões de gases de efeito estufa (GEE), requerendo também foco em uma série de outras questões, como igualdade de gênero, ambiente de trabalho saudável, remuneração justa, carga de trabalho humana, horas respeitadas, entre outros.
Além disso, é importante entender que trabalhar em direção a objetivos consistentes com ESG não significa levar em consideração apenas a cadeia de produção de uma determinada empresa, mas uma série de outros aspectos muito importantes, como o compromisso de trabalhar no alinhamento de sua cadeia de suprimentos com os objetivos ESG, ou mesmo a responsabilidade pelo impacto ambiental que o objeto produzido causará a longo prazo após ser vendido.
Tudo isso depende de uma certa transparência por parte das empresas e conglomerados, que devem publicar relatórios sobre as medidas adotadas por eles para reduzir os impactos negativos nos indicadores apresentados anteriormente, além da necessidade de apontar publicamente os planos da empresa para o futuro e como pretendem reduzir as emissões de escopo 1, 2 e 3, ao mesmo tempo em que mantêm boas práticas sociais e de governança.
As emissões de escopo 1 são consideradas as emissões geradas pelas próprias operações da empresa, como a geração de um produto, operação de máquinas e veículos próprios. As emissões de escopo 2 abrangem uma série de outros impactos, como eletricidade, combustível e aquecimento, geralmente provenientes de um fornecedor de serviços públicos externo.
Por outro lado, o escopo 3 envolve tudo o que é gerado pela operação, mas que supostamente não seria incluído no cálculo bruto, como o transporte de matérias-primas e materiais finais, emissões do transporte de funcionários e viagens de negócios, e até mesmo emissões que podem advir do portfólio de investimentos da empresa ou do uso do produto vendido.
Algumas empresas buscam ser mais sustentáveis no escopo 1, negligenciando outros escopos em termos ambientais, além de se posicionarem posteriormente como empresas alinhadas aos princípios ESG, ou pelo menos caminharem nessa direção.
Embora seja obviamente importante que as empresas considerem e de alguma forma compensem o impacto causado pelas emissões do escopo 1, entende-se que essas emissões são em média 11,4 vezes menores do que o total emitido ao se considerar toda a cadeia de suprimentos, uma vez que os escopos 2 e 3 juntos representam aproximadamente 92% de todas as emissões de gases de efeito estufa (GEE) de uma determinada empresa, enquanto o escopo 1 representa apenas 8%.
Isso levanta questionamentos consideráveis. Qual é a utilidade de uma empresa se autodenominar sustentável e ter uma série de indicadores positivos e projetos internos em relação às suas emissões operacionais, mas continuar comprando matérias-primas de fornecedores com alto impacto ambiental e utilizando energia proveniente de combustíveis fósseis? Isso também se aplica ao aspecto social. Qual é o benefício de uma empresa valorizar a qualidade de vida de seus funcionários, a igualdade de gênero no ambiente de trabalho e uma remuneração justa para seus próprios funcionários, enquanto recebe matérias-primas de empresas com uma série de problemas trabalhistas, alegações de exploração e até mesmo escravidão.
Portanto, fica claro a importância de observar toda a cadeia de produção, incluindo todos os fornecedores utilizados para preparar o produto final.